Medicina Tradicional Chinesa


HISTÓRIA
É a denominação usualmente dada ao conjunto de práticas da Medicina Tradicional em uso na China (MTC), desenvolvidas ao longo dos milhares de anos da sua história. Originou-se ao longo do Rio Amarelo, na dinastia do Imperador amarelo (Huang Di Nei Jing), houveram os primeiros escritos.  Ao longo dos séculos, passou por muitas inovações nas diferentes dinastias. É considerada uma das mais antigas formas de Medicina Oriental. A MTC, de natureza filosófica, ela inclui entre seus princípios o estudo da relação de yin/yang, da teoria dos cinco elementos e do sistema de circulação da energia pelos meridianos do corpo humano.
Na teoria do Yin/Yang, dois polos que ao se oporem, se complementam e se definem mutuamente, é na observação da atividade desses fenômenos (harmonia ou desarmonia), que se manifestam os ciclos de mudanças na natureza e regulação da vida na terra.
Nessa perspectiva chinesa, o universo e o ser humano são submetidos às mesmas influências, sendo este parte integrante do universo como um todo. Desse modo, observando-se os fenômenos que ocorrem na natureza, pode-se por analogia estendê-los à fisiologia do corpo humano, pois nele se reproduzem os mesmos fenômenos naturais (YAMAMURA, 2008). 
A Medicina Tradicional Chinesa se baseia em conceitos Taoístas e energéticos, os quais enfocam o indivíduo como um todo e como parte integrante do universo. Para ela, o indivíduo é constituído por um conjunto de energias, provenientes do céu e da terra, que fluem por todo do corpo, e que devem estar em constante equilíbrio; quando isso não ocorre, temos então a manifestação de Patologias.   A terapêutica objetiva reestabelecer o fluxo da energia vital pelo organismo, e para isso, lança mão de vários recursos, tais como a acupuntura, a moxabustão, a farmacopéia, a dietética, o tai chi chuan, e o qi gong. ( YAMAMURA, 2001; MADER, 2006 ). Baseada numa concepção vitalista, busca de harmonia do sujeito com seu meio ambiente natural e social, valoriza a subjetividade individual. Atua na prevenção, promoção da Saúde e integralidade. É compatível com os anseios de sustentabilidade em seu sentido amplo, nos níveis biológico, social e natural. 
As causas do Adoecimento dessa racionalidade segundo Daniel luz, podem ser:
Endógena:
 Bloqueio, deficiência ou excesso de emoção (Sete paixões: alegria, raiva, melancolia, tristeza, pensamento (obsessivo), apreensão e medo).
   Consumo imoderado de alimentos de uma mesma natureza.
Exógena:
   Chamadas “seis sopros”: Vento, Calor, Fogo, Umidade, Secura e Frio.
 Mordidas de bichos peçonhentos, desequilíbrio entre repouso e trabalho, atividade sexual imoderada envenenamento alimentar.

O DIAGNÓSTICO NA MTC
No diagnóstico da MTC, praticamente o terapeuta coloca pelo “avesso” o indivíduo, a anamnese é muito profunda. Considerando alguns itens básicos como: observar, ouvir, cheirar, perguntar e tocar, destacando no diagnóstico a observação da língua e o exame do pulso. A partir dessas observações é elaborado o diagnóstico que fornecem informações preciosas e exatas sobre a condição de saúde da pessoa. Na China atual, cada vez mais o diagnóstico pela MTC interage com métodos de diagnóstico ocidental.
A Medicina Tradicional Chinesa é considerada uma racionalidade vitalista, centrando na saúde e na busca de harmonia do sujeito com seu meio ambiente natural e social, valoriza a subjetividade individual. Atua na prevenção, promoção da Saúde e integralidade. É compatível com os anseios de sustentabilidade em seu sentido amplo, nos níveis biológico, social e natural.

 HISTÓRIA DA MEDICINA TRADICIONAL CHINESA NO BRASIL
A MTC chegou ao Brasil por volta de 1810, através dos imigrantes chineses vindos para o cultivo de chá no Rio de janeiro, nessa época era restrito somente aos imigrantes. Na década de 50, a acupuntura (uma das terapêuticas da MTC), ganha impulso com a chegada do fisioterapeuta Frederico Spaeth da Alemanha que acaba fundando a SBAMO (Soc. Brasileira de Acupuntura e Medicina Oriental) e começa a ensinar Acupuntura para os médicos e acupunturistas brasileiros. Entre as décadas de 60 e 70 houve popularização das chamadas “terapias alternativas”. Contudo, devido à falta de comprovação científica na época, essas práticas sofreram várias críticas, a ponto dos praticantes serem chamados de charlatões. Foi um período muito conturbado.
 Logo depois em 1971, com o relato do efeito da acupuntura no tratamento das dores pós-operatórias do jornalista James Reston, que foi submetido a uma apendicectomia enquanto estava na China. E em 1972, com a visita de Richard Nixon à China, o antigo cenário das práticas ganha outra dimensão. A acupuntura passou a ser vista de outra forma.
A chegada dessa prática na Bahia se deu através do dentista Hackel Mayer, em 1973. Ele fez acupuntura num paciente com rinite usando agulhas de injeção e obteve bom resultado. Durante várias gestões, ele foi vice-presidente da ABA.

A PRÁTICA INTEGRATIVA
Em 1979 a OMS reconhece a eficácia da MTC no seminário internacional de Genebra, recomendando sua oferta na rede pública de saúde. Em 1984, o médico Mário Hato entrou na Câmara dos Deputados com o PL3838/84 para regulamentação da acupuntura em nível multiprofissional. Em 2006, acontece a legitimação da MTC na Política Nacional de Práticas Integrativas e complementares (PNPIC), de saúde.
Antes dessa política já havia um crescimento de consultas médicas em acupuntura em todas as regiões, intensificou-se a demanda por formas não convencionais de consumo de bens e serviços de saúde, o que culminou na implantação da PNPIC (Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares no SUS). Sendo contempladas dentre as práticas integrativas a Medicina Tradicional Chinesa.

REALIDADE DA PRÁTICA BRASIL/BAHIA
Hoje a prática é procurada no mundo inteiro, no Brasil destacando a crescente procura no sudeste. Aqui na Bahia a implantação das práticas integrativas caminha ainda de maneira incipiente, mas crescente. Ainda se faz necessário superar muitos desafios. Carmem De Simoni (PNPIC; 2008), evidencia alguns deles: 

            ATENDIMENTO EM SALVADOR/BAHIA
REFERÊNCIAS
LUZ, Daniel. Medicina tradicional chinesa, racionalidade médica, Racionalidades Médicas e práticas integrativas em Saúde. Estudos em Saúde Coletiva,-UERJ,  RJ, n. 72, 1999.
FERREIRA, Claúdia dos Santos; LUZ, Madel Therezinha. Shen: categoria estruturante da racionalidade médica chinesa, Hist. Cien. Saúde-Manguinhos, RJ, v.14, n.3, set.2007.
Luz, Madel T. Natural, Racional, Social ; Razão Médica e Racionalidade Científica Moderna, Rio de Janeiro, Ed. Campus, 1988.
HUBER, Luiza: "Do poder sobre o corpo ao corpo de poder" - um estudo sobre a prática  da Reflexoterapia entre mulheres no meio popular. Dissertação de Mestrado, ISC/UFBA, 2002.

Autoras: Maria da Conceição Ferreira e Jamile Cotinguiba

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